O Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária afirmou que a pandemia de Covid-19 teve um impacto “devastador” na luta contra essas doenças. Pela primeira vez desde a sua criação em 2002, o fundo reportou uma diminuição na prevenção e no tratamento destas enfermidades e mostrou-se particularmente preocupado com a redução dos testes do vírus HIV.
Em comparação com 2019, o número de pessoas atendidas para a prevenção e o tratamento do HIV em 2020 caiu 11%, enquanto os testes para o vírus recuaram 22%, impedindo essas pessoas de acessarem o atendimento adequado.
Por isso, este 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, que dá início ao Dezembro Vermelho, se torna mais relevante. “É de extrema importância falarmos abertamente sobre isso, mostrar para os pacientes que eles não estão sozinhos, pelo contrário, que podem contar com os profissionais de saúde para restabelecerem qualidade de vida e saúde mental, já que muitos ficam extremamente abalados com o diagnóstico. Precisamos acolher o paciente com diagnóstico de HIV e conscientizar a população sobre a doença”, destaca a infectologista Luciana Duarte de Morais.
A especialista, que inicia neste mês de dezembro atendimento no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, percebeu a queda nos atendimentos para tratamento da doença durante a pandemia. “Houve perda entre os pacientes que acompanho, acredito que pelo receio em relação ao vírus e medo de se contaminar nos ambientes hospitalares e ambulatoriais”, disse ela, destacando que a doença possui tratamento eficaz, com acesso para todos que necessitam.
De acordo com Luciana Duarte, parar de se tratar é perigoso. “Abandonar o tratamento significa deixar que o vírus se replique e comprometa o sistema imunológico ao ponto de deixar o paciente suscetível a diversas doenças oportunistas, que se ‘aproveitam’ dessa baixa imunidade para se manifestarem. Além disso, não podemos esquecer que um paciente que abandona o tratamento dissemina o vírus para outras pessoas”, ressalta ela, dizendo ainda que não há contra indicação dos pacientes com HIV tomarem as vacinas contra a Covid-19, os quais, inclusive, estão nos grupos prioritários.
Tratamento:
Ao longo dos anos, o tratamento contra a Aids evoluiu e a terapia antirretroviral está melhor para os portadores do vírus HIV. “Atualmente temos medicamentos com ampla barreira genética, de fácil posologia, poucos comprimidos, com cada vez menos efeitos colaterais associados. A tendência é que isso continue progredindo e no futuro tenhamos tratamentos cada vez melhores”, salienta a infectologista Luciana Duarte.
Ela ressalta que quando a doença foi descoberta, receber o diagnóstico era quase que uma sentença de morte, porém isso mudou. “O tratamento revolucionou a vida desses pacientes e mudou o curso da doença no mundo. No consultório, reforço muito isso com meus pacientes e sempre insisto no tratamento adequado. Quero que tenham a qualidade de vida e a longevidade que a ciência conseguiu proporcionar com o tratamento”, destaca a médica.
No entanto, a especialista lamenta o preconceito que persiste com a Aids e os portadores do vírus HIV. “Infelizmente ainda existe desconhecimento em relação à doença. Claro que o tabu tem diminuído, mas ele ainda existe. Por isso a extrema necessidade de campanhas de educação para a sociedade, como o Dezembro Vermelho. Precisamos acabar com o preconceito e conseguir tratar os pacientes que ainda não o fazem”, ressaltou Luciana Duarte.
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